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Domingo, 14 de Março de 2010

Podologia em Portugal vs Convenção de Bolonha

 

De Ana Costa a 23 de Fevereiro de 2010 às 23:20

 

 Não concordei com a afirmação acima de que a Podologia está ao nível da Medicina Dentária. Além de se tratar de áreas completamente distintas, também existem diferenças entre os cursos. a licenciatura pré-bolonha do curso de medicina dentária é composta de 6 anos (vs. 4 de podologia) e os licenciados após inscrição na Ordem dos Médicos Dentistas estão habilitados ao exercício autónomo das suas actividades, que incluem diagnóstico e prescrição medicamentosa, exclusiva dos médicos (e não dos podologistas). Espero que este ponto fique esclarecido.

 
RESPOSTA:
 

Cara Ana,

Permita-me corrigi-la, na medida em que a licenciatura em Medicina Dentária com a convenção de Bolonha é composta por 6 semestres (3 anos de formação) equivalentes a 180 créditos. Contudo a sua graduação final é de licenciatura com mestrado integrado, imposto pela ordem dos médicos dentistas. O mestrado equivale a 120 créditos, o que totaliza 300 créditos para o grau de mestrado em medicina dentária.

 Tal como pode comprovar pelo despacho do Diário da República publicado em Junho 2007, abaixo transcrito:

‘Por despacho do Senhor Director-Geral do Ensino Superior de 12 de Junho de 2007, foi registada a adequação ao Processo de Bolonha como Ciclo de Estudos Integrado conducente ao grau de Mestre em Medicina Dentária, com a duração de 10 semestres e a atribuição de 300 ECTS, sendo conferido o grau de licenciado em Ciências Dentárias após 6 semestres e aprovação em 180 ECTS - Registo n.º R/B - AD - 983/2007 publicado na 2ª série do Diário da República n.º 160 de 21 de Agosto’.

A licenciatura em Podologia com a convenção de Bolonha apresenta exactamente a mesma graduação licenciatura e mestrado.

Tal como pode comprovar pelo despacho do Diário da República publicado em Maio de 2009, abaixo transcrito:

‘A partir do ano lectivo 2009-2010, a Licenciatura em Podologia passa a funcionar já adaptada de acordo com Bolonha, com a duração de 3 anos lectivos (6 semestres) num total de 180 ECTS, conforme o Registo - R/B - AD - 5/2009.’

http://www.cespu.pt/pt-PT/ensino/ensino_politecnico/escola_saude_vale_ave/cursos/podologia/

O número de créditos é exactamente igual também para os mestrados 120 ECTS. O que totaliza 300 créditos para o grau de mestrado em Podiatria.

É possível comprová-lo através dos despachos do Diário da República publicados em Junho de 2009:

http://www.cespu.pt/pt-PT/ensino/ensino_politecnico/escola_saude_vale_do_sousa/mestrados/podiatria_infantil/

http://www.cespu.pt/_pdf/ensino/diarios_republica/vs_plano_estudos_podiatria_efd.pdf

http://www.cespu.pt/_pdf/ensino/diarios_republica/va_plano_estudos_podiatria_cli.pdf

http://www.cespu.pt/_pdf/ensino/diarios_republica/va_plano_estudos_podiatria_geri.pdf

 

A grande diferença da Podologia para a medicina Dentária é que a Podologia ainda não tem definidas as suas competências profissionais e a implementação dos mestrados em Podiatria em Portugal é muito recente, pelo que entre outros, a Associação Portuguesa de Podologia ainda não pode ser ordem e ainda não tem competência para estabelecer o grau de mestrado como obrigatório e por isso integrado para o exercício da profissão. Por este motivo existem Podologistas  (licenciados) e Podiatras (mestrados) a exercer actividade.

O que acontece neste momento com a Podologia em Portugal já aconteceu com outras áreas da medicina no passado, nomeadamente a medicina dentária, que até aos anos 80 não tinha autonomia na prescrição clínica e só viu reconhecido esse direito após anos de exercício da profissão no nosso país. Sem que ninguém duvidasse da capacidade ou competência destes profissionais.

Quanto à questão do exercício autónomo da profissão, o Podologista é responsável pelo estudo, prevenção, DIAGNÓSTICO e TRATAMENTO do pé e das suas repercussões no Organismo Humano, o que lhe confere total autonomia no exercício da sua profissão.

A título complementar e de esclarecimento; em Portugal distinguem-se três graus de actividade profissional na área da Podologia:

Podólogo - Equivale ao grau de Bacharel (actualmente em desuso)

Podologista - Equivale ao grau de Licenciado

Podiatra - Equivale ao grau de Mestrado

As três designações são muito semelhantes mas em terminologia da saúde têm significado diferente ('Ologo' diz respeito aquele que estuda; 'Ista' diz respeito à ciência e 'Iatra' significa médico), apenas foram adoptadas de forma distinta para definir os diferentes graus de habilitações académicas.

Contudo o mais importante e que gostava que ficasse bem esclarecido é que neste momento em Portugal o Curso Superior em Podologia está muito bem implementado com um grau de exigência e unidades curriculares semelhantes ao da medicina dentária e a qualquer outro curso superior de saúde.

E tal como aconteceu com a medicina dentária no futuro não haverá dúvidas quanto à qualidade ou necessidade destes profissionais. Apesar disso hoje já é uma certeza pela quantidade de pessoas que sofrem dos pés e não recebem o tratamento adequado por não serem encaminhadas para uma consulta de Podologia. Ou, em oposição, pela quantidade de pacientes que recorrem aos serviços da Podologia.

Esta realidade só pode ser encarada como o colmatar de uma lacuna (pois esta especialidade não existia em Portugal até 1994) e uma mais-valia para a nossa população e para a saúde pública em geral.

À semelhança do que acontecia no passado com a saúde da boca; todos sabemos que no tempo dos nossos antepassados eram os barbeiros, ourives e até ferreiros os responsáveis por (des)tratar as bocas e hoje em dia é impensável não recorrermos ao dentista quando temos um problema ou simplesmente para uma manutenção/higiene ou check up dentário.

Através deste ponto de vista é possível apercebermo-nos que a saúde do pé é tão importante quanto a saúde da boca e em última análise perder um dente ou todos os dentes não assume a mesma limitação e prejuízo na qualidade de vida de um paciente e na sociedade em geral, com todos os danos físicos, psicológicos, sociais e encargos socioeconómicos que podem decorrer da perda de um membro como o pé ou outra parte do membro inferior.

Daí a Podologia ser já uma realidade bem concreta, reconhecida e integrada em muitos hospitais e serviços de saúde privados e públicos especializados, como a Associação Portuguesa de Diabetes ou o Instituto Português de Reumatologia. Assumindo uma enorme importância e tornando-se indispensável no tratamento do pé de risco, nomeadamente na especialidade de pé diabético e assume um papel preponderante e determinante na diminuição do número de doentes amputados.

Estatisticamente pode reduzir-se em cerca de 1/3 das amputações do membro inferior com a integração de um podologista/podiatra nas equipas multidisciplinares de tratamento do pé de risco, nomeadamente do pé diabético.  

O mesmo não se passa com a medicina dentária que foi abolida dos serviços públicos de saúde, o que poderia ser encarado como um ‘retrocesso’ podendo até pôr em causa a qualidade clínica do recém graduado por falta de prática clínica ao não estar incluído um estágio hospitalar integrado e obrigatório.

Tal como comprova o relatório do processo de medicina dentária da implementação da convenção de Bolonha em Portugal da autoria do Sr. Prof. Doutor Manuel Fontes de Carvalho:

‘(…) Recorde-se que a Medicina Dentária é, em Portugal, uma profissão de cunho estritamente liberal, que não tem acesso a hospitais ou centros de

saúde, locais onde os Médicos Dentistas poderiam desenvolver a sua acção,

durante os primeiros anos, em paralelo com colegas mais velhos.

Por esta razão entendemos ser necessário, sob pena de se assistir a uma grave diminuição de qualidade na prestação dos cuidados de saúde oral à população, a inclusão de um ano pós-titulação que designaremos por Ano de Especialização Clínica Avançada.

Significa isto que propomos para a Área de Medicina Dentária um curso de cinco anos (300 ECTS) de duração curricular, cujo título a atribuir será Mestre, acrescido de um ano de especialização clínica.

Obviamente que este ano de especialização clínica será desenvolvido nas Faculdades, não em regime obrigatório, mas desejável. (…)’

 

Concluo com uma ligeira reflexão, pois não é correcto criticar de forma tão negativa, como tenho assistido por vezes, ao que não conhecemos por ser recente no nosso país e muito menos tentar desprestigiar o conhecimento e trabalho de quem é realmente merecedor de respeito e reconhecimento pelo conhecimento que adquiriu e adquire todos os dias através de experiência clínica, vivência, partilha de conhecimentos, formação continuada e acima de tudo estudo de uma especialidade mundialmente reconhecida com centenas de anos de âmbito clínico, médico, hospitalar.

Cumprimentos,

Joana Azevedo

Podologista


publicado por Dra. Joana Azevedo às 21:58

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Adapatação ao Tratamento Ortopodológico

 

Boa noite,

 

Tenho uma dúvida em relação às palmilhas para o pé cavo.


Eu consultei um podologista porque tenho o pé cavo, e isso fazia-me dores nos pes e algum cansaço, assim como algumas dores nos joelhos, e foi-me feita a consulta e o molde dos pés para fazer então as palmilhas especificas para o meu problema, e a minha questão prende-se com o uso das mesmas, ja que as tenho quase há um mês e desde que as uso tenho tido muitas dores nas costas, joelhos e inclusive no pescoço, zona na qual tenho tendencia a acumular muita tensão. Estará relacionado com a habituação do corpo à nova "posição" e apoio, devido à compensação das palmilhas, uma vez que o pé é a base de todo o corpo e da coluna vertebral?
(...)

no meu ver seria até normal ter algumas dores devido ao corpo estar habituado a uma certa posição, anos a fio, e agora ao mudar a mesma posição e apoio do pé, o corpo se manifestar ate se habituar a ela, estrei certa?
O que é certo é que tenho tido muitas dores principalmente na zona dos rins, joelhos e ombros/pescoço e que começaram apos o começo da utilização das palmilhas.
 

Obrigado
 
Rita Morgado (28 anos)
Lisboa
 

RESPOSTA:

 

Cara Rita,

Na realidade o uso de suportes plantares ou ortóteses plantares vulgarmente denominadas por palmilhas, pode levar a alterações na postura e na biomecânica do corpo Humano.

Habitualmente o centro de gravidade é alterado, bem como o centro de médias pressões da base de sustentação que são os pés.
 
Estas modificações associadas a um novo apoio e uma nova forma de distribuição das pressões plantares podem originar grandes alterações a nível osteo-articular e musco-ligamentar, o que faz com que biomecanicamente todo o membro inferior (pé-tornozelo-joelho e anca), bem como a coluna vertebral sofram alterações biomecânicas importantes.

É importante referir que estas alterações associadas ao uso dos suportes plantares ortopodológicos são benéficas e necessárias para a reeducação da postura e alinhamento do indíviduo.

O que habitualmente é feito e na minha consulta é obrigatório, ao mínimo sinal de desconforto ou dor aquando da habituação às 'palmilhas' é encaminhar o paciente para Reeducação Postural Global - RPG - na consulta de fisioterapia/osteopatia integrada na minha equipa de trabalho. 

Esta terapia permite em pouco tempo reeducar o corpo humano para a nova postura sem que hajam alterações nefastas, nomeadamente desconforto ou dor.

O benefício e a maior rapidez nos resultados oferecidos pelo uso dos suportes plantares são óptimizados com esta técnica/terapia e o paciente rapidamente ultrapassa a fase de habituação e usufrui plenamente do benefício do uso do tratamento ortopodológico.

Cumprimentos,

Joana Azevedo
Podologista
 

 

 

Boa tarde.
 
Muito obrigado pela sua resposta, fiquei muito mais esclarecida e tudo o que refere é realmente o que sinto, inclusive, ao nivel do pescoço e cabeça, chego a ter dores e sensação de tonturas, é algo que me está a afectar realmente todo o corpo e é muito incomodo e provoca mau estar.
Vou regularmente a uma osteopata, precisamente por este problema de acumulação de tensão na zona do pescoço, e, da proxima vez que lá for vou mencionar este assunto, pode ser que me possa então fazer algo que me permita melhorar e adaptar mais facilmente às palmilhas, uma vez que menciona o reencaminhamento para a área de fisioterapia/osteopatia. É um tratamento que qualquer osteopata poderá saber fazer, ou este tipo de tratamento é especifico da área de podologia?
 
Agradeço muito o seu esclarecimento, fez-me entender melhor os meus sintomas e perceber que afinal o que sinto está efectivemente relacionado com a habituação as palmilhas, porque me estava a fazer muita confusão ter estas dores e terem-me dito que não estaria relacionado...
 
Muito obrigado.
Rita Morgado.


RESPOSTA:

 

 

Cara Rita

A àrea de RPG é mais do âmbito da fisioterapia. Contudo os nossos terapeutas têm formação em fisoterapia e osteopatia o que complementa muito o tipo de intervenção que é feita. Daí eu dizer-lhe que o ideal é um terapeuta licenciado em fisioterapia e em osteopatia.

Em Portugal já existem algumas pessoas com ambas as formações, como é o caso dos colegas que integram a equipa da nossa clínica. É de facto uma mais valia o tratamento executado por um destes profissionais.

Cumprimentos,

Joana Azevedo
Podologista
 

 


publicado por Dra. Joana Azevedo às 15:47

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Dra. Joana Azevedo
Podologista
Licenciada pela Escola Superior de Saúde do Vale do Ave. Especialização no New York College of Podiatric Medicine (NYCPM). Exerce actividade clínica desde 2003 com cédula profissional nº 128 da Associação Portuguesa de Podologia. Membro fundador do Núcleo de Podologia da ESSVA. Podologista do canal Sapo Saúde desde 2005. Actualmente tem consultórios no Estoril.

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Consultórios:

Clínica Parque do Estoril - Grupo Cordeiro Saúde
Tel. 219236381
Av. Aida, 153 Lj - 2765-187 Estoril
(em frente ao jardim do casino, a 50m da estação da CP do Estoril)



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